quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Vôo Eterno

Como quem tem fome ou padece de sede;
Como quem ensaia um canto e tem que se contentar com o grito rouco que sai que ecoa do peito cansado,machucado,sofrido.
Como quem clama um pouco mais de alma pra si;
Cada palavra que se ouve ao longe é barulho,tristeza,rancor;
Foi-se embora a calma,o sorriso e a paz';
Agora a agonia e a vontade de que ao menos acabe bem,ou apenas acabe.
A vontade de arrumar o que não se tem e ir embora pra lugar algum;
O choro reprimido pelo orgulho,pelo embrulho que dá no estômago só de pensar.
O desejo de algo novo,brilhante,surpreendente que a tire dali e a faça sorrir novamente;
Lembra-se de que não está só;
A sua companhia está dentro de si mesma.
Os olhos se enchem de água mais uma vez;E transmite um mixto de esperança e dor e repulsa e amor.
A certeza da incerteza,de que o fim jamais chegará;
Enquanto houver vida haverá o fruto do desamor,da indiferença,do desrespeito;
Que só cresce,ao passar dos dias,dos meses;
Olha a cidade de cima,não muito distante do sol;
Por instantes imagina um vôo,lento e rápido que leve embora todo o seu sofrimento;
Um vôo sem volta,sem dor,sem pouso,repouso eterno;
Mas não encontra forças;
É fraca,covarde como foi a vida inteira.
Vida essa que acaba-se aos poucos;
Sem suicídio,sem armas de fogo.
Só sangue;
O da alma que chora.



Saskhya' [Um cigarro e dor de cabeça]

Um comentário:

Jann Brito Oficial disse...

tocou... Pronfudo!

muito lindo...
Queria muito poder ler este seu post na Brasil Music...

Bjo