terça-feira, 4 de novembro de 2008

Espetáculo da vida real





O liquido que escorre e sacia o paladar
Se cansou de acreditar que seria a minha boca
O encaixe mais perfeito para unir toda loucura
o encanto a fissura que era bom se fez ruim
O ensaio de ternura faz morrer os personagens
As cortinas se encerram quando muda o espetáculo
Da vida bruta e cruel que faz o passo vacilar
Mesmo quando se acredita na iéia de lutar
Me obrigo a interpretar o personagem insensível
Dizendo que já não sinto pra deixar alguém sentir
Dar continuidade a vida e abrir novas feridas
Atingindo tudo em volta,pois não fere só a mim
Tudo agora é incerteza,será que é melhor assim?
Escondendo a tristeza e fingindo que sorri.

Caroline Saskhya
Angústias



Pés cansados de vagar neste caminho
Cheio de calos e ardendo do chão quente
O estômago vazio tendo náuseas descontentes
Em meio aos campos de guerra sem fim
Que dantes ria de tanta graça obtida
Agora chora o tempo ruim
Pedindo aos deuses pouco mais de humanidade
Que ainda insiste em fazer pobre de mim
Ou que leve ao infinito qualquer suspiro que reste
lavando a alma da podridão da existência
Entoando o hino da batalha
Retirando a mortalha que me veste.


Caroline Saskhya




O chão batido e a beleza morta da alma que chora.
Um recado ao Criador





Ô seu criador,porque não usa a borracha
e apaga tudo de ruim que se possa fazer valer?
Pega o estojo de cores e da brilho no fosco
Da vida ao morto ou mata logo de uma vez.

Inventa coisas novas a partir deste papel
Riscando e rabiscando pode ser que aconteça
que algo belo apareça
E enfim me surpreenda.

Amassa esse papel sujo,manchado de vermelho sangue
Refaz as linhas tremulas,joga fora a tinta preta
Trás de volta o verde musgo,o rosa o amarelo e o azul
Como um arco-íris permanente ou mil flores na minha janela.

Mas se não te agrada este imenso colorido
Deixa em branco o desenho,então guarda o papel
Ou transforma num barquinho,num rascunho ou num avião
Qualquer coisa que me prive desta imagem tão cruel.


[Cansada de tantas coisas]

Caroline Saskhya

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O Sonho do Amor






Uma noite eu apreciava a noite
E já sem vontade doia a dor do nao saber
O não saber viver,o não saber dosar,o não saber saber

E quanto mais me perguntava,menos sabia
E quanto mais falava,menos dizia...

Nada fazia sentido,só o sentido de não sentir
O tédio corroendo a alma
o sangue frio adentrando a calma
Pouco contente por estar ali

E o velho que também olhava a noite
Me olhava e eu o percebia
Então se aproximou e contou-me uma história
Me jurou que o Amor existia...

E eu ouvia calada
sem expressar opiniões
deixando ferver nas artérias a dúvida a vontade e a dor
Procurando ao redor vestígios do tal Amor

Tudo que meus olhos viam
Nada se comparava ao que o velho dizia
Então me deparei com mais uma história vazia

Parecia tão real
Confesso que quase acreditei
Mas quando Ele me convencia
Veio o dia e eu acordei..."



[Caroline Saskhya]

Tinha


Tinha um carro e uma pipa
flores e frutos..trigo pro pão
Tinha uma torre e um balanço
Casas,castelos..e um avião

Mas não tinha Amor..então de nada adiantava!

[Saskhya]

Ela Disse Assim: 1.5


Que não bastava estar viva
Era preciso viver
Que não bastava doar
Precisava doar-se
Que não bastava sorrir
As lágrimas fazem crescer
Que não bastava ver
Era necessário sentir
Que não bastava aceitar
Por vezes tinha de renunciar
Que não bastava ter muito
Ela queria ser mais
Que não bastava existir
Queria ser imortal.

[Saskhya and Nana]